Monday, June 05, 2006

Soneto XXXII

Sem olhos em gaza ao crime espero
Que ao menos não ouça a voz do escravo
Do baixo, inerte, arengar que travo
Co'a insanidade e co'desespero

'Sperai! que desta luta me tempero
Moverei a mão que retém o cravo
E se crer tiver aí valor bravo
Crede! que só nisso Amor é vero

Descerei da cruz que o luar fulmina
Não! não sou Jesus, mas o da esquina
O torto! o mau! o que não quer perdão!

Aquele que vem e os anjos se agitam
Parecem saber o que é dor e gritam
Mas quando souberem, eles gritarão?


Pedro Furtado

1 Comments:

Blogger A Casca da Cigarra said...

A récita me trouxe aqui pelos versos finais. Bonito, muito bonito.

5:35 PM  

Post a Comment

<< Home