Monday, June 05, 2006

Soneto XXV (Para Uma Dama Que Muito Se Queixava Dos Olhares Procuradores Do Poeta)

Vamos supor que haja... Que houvesse
Maneira de no tempo retornar
E o curso vão dos erros detivesse
Fazendo a amor a rude flecha desviar.

Naquele momento fatal em minha prece
Esquecida por teus olhos ter de olhar
Como que avisado do perigo estivesse
Virei-me, e a fera seta vi passar.

Assim tomado de um frêmito em revolta
Sem saber do que fugira contemplei-te...
Ah, pobre Orfeu, mais tosco e triste...

A flecha ao mundo inteiro deu a volta
Cravou-se em meu costado... é inútil... ris-te?
Não há mais justa sina que me deite.



PEDRO FURTADO

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